Radiografia de prêmios literários internacionais

25/02/2019

 

Com a missão de incentivar a produção literária, existem diversas premiações que exaltam obras, autores, ilustradores por todo o mundo. Essas celebrações reconhecem e divulgam trabalhos inovadores e ajudam o grande público a selecionar o que de melhor chega às prateleiras, de livrarias a bibliotecas. Os prêmios, que podem se materializar em alguma recompensa financeira ou serem conferidos aos seus vencedores como uma nomeação, funcionam como um selo de qualidade e são organizados em âmbitos internacionais e nacionais, regionais ou não.

Para mapear esse universo, preparamos uma lista com as principais premiações que gratificam literatura infantojuvenil brasileira. Confira.

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Prêmio Bolonha Ragazzi, da Itália

Estatuetas do Prêmio Bolonha Ragazzi

 

Premiações internacionais

 

Premiações da Bienal de Bratislava

Bibiana, a Casa Internacional de Artes para Crianças, referência para arte e infância, é uma instituição cultural do Ministério da Cultura da República Eslovaca que sedia a Bienal de Bratislava, com foco em duas áreas: animação e ilustração. Cada país pode inscrever até 15 participantes, que enviam dez ilustrações de até dois livros. Os vencedores são selecionados por um júri internacional e agraciados com os 11 prêmios: um Grand Prix, cinco Golden Apple, cinco placas de bronze (BIB Plaque para ilustração e BAB Plaque para animação) e uma menção honrosa ao editor. Entre os vencedores brasileiros estão Ângela Lago, Renata Borges, Claudio Martins, Ana Raquel e Marcelo Xavier.

 

Cátedra 10 da Unesco

Em comemoração aos dez anos, a Cátedra Unesco de Leitura, centro especializado em leitura e formação do leitor, hoje integrado ao IILER (Instituto Interdisciplinar de Leitura da PUC-Rio), inaugurou o selo Cátedra 10, coordenado pelo Grupo de Estudo de Literatura Infantil e Juvenil (Gelij). Nele, há a Seleção, que indica obras com valor literário, plástico e editorial, e o selo Distinção, que “celebra as obras literárias de excelência que incluem entre seus leitores possíveis crianças e jovens”, que consagrou artistas como Jon Arno Lawson e Odilon Moraes. No caso de autores e obras já reconhecidos, existe a distinção Hors Concours, prêmio máximo concedido pela Cátedra, agraciando autores como Lygia Bojunga.

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Prêmio Ibero-Americano de Literatura Infantil e Juvenil

O Prêmio busca reconhecer anualmente a trajetória de escritores ibero-americanos da literatura infantil e juvenil. Foi idealizado pela editora espanhola SM em 2005, data internacional da campanha Ano Ibero-americano da Leitura da Unesco, organização parceira, além do Conselho Internacional sobre Literatura para Jovens (International Board on Books for Young People - IBBY). As inscrições são feitas no site e, além do formulário e do envio do material, é necessário apresentar currículo, portfólio, entre outros documentos. O júri é composto por autores indicados por entidades locais e já elegeu brasileiros como Bartolomeu Campos de Queirós, Marina Colasanti e Ana Maria Machado para o prêmio, hoje no valor de US$ 30 mil.

 

Prêmio Memorial Astrid Lindgren (Alma)

Astrid Lindgren, importante escritora sueca, “mãe” de Píppi Meialonga, batiza esse prêmio e outras duas celebrações da literatura também organizadas pelo Swedish Arts Council, agência sueca ligada ao Ministério da Cultura. O Alma (sigla para Astrid Lindgren Memorial Award) oferece 5 milhões de coroas suecas, equivalente a mais de R$ 2 milhões, a um autor, ilustrador ou promotor de leitura pelo seu trabalho em literatura infantil. As nomeações são feitas país a país e, no caso brasileiro, por meio da Fundação Nacional Do Livro Infantil E Juvenil (FNLIJ), que atua como seção brasileira do IBBY. No ano passado, Roger Mello e Ana Maria Machado concorreram com 235 candidatos de 60 países. E voltam a ser nomeados neste ano para a premiação a ser realizada no dia 4 de abril.

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Prêmio Hans Christian Andersen

O Prêmio Hans Christian Andersen é o mais alto reconhecimento internacional dado a um autor e ilustrador de livros infantis, considerado o Nobel da literatura infantojuvenil. Concedido a cada dois anos, pelo IBBY, o Andersen reconhece as realizações de um autor e um ilustrador cujos trabalhos completos contribuíram de forma importante e duradoura para a literatura infantil. Os dois vencedores, além do prêmio em dinheiro, podem escolher um projeto infantil de promoção de leitura sem fins lucrativos de sua escolha para uma gratificação também em dinheiro. As autoras brasileiras Lygia Bojunga e Ana Maria Machado (que já foi presidente do júri) já ganharam na categoria texto. Na categoria ilustração, Roger Mello foi o único latino-americano a conquistar o prêmio. Marina Colasanti e Ciça Fittipaldi já receberam indicações para representar o Brasil no Andersen.

 

Premiações da Feira do Livro Infantil de Bolonha

A feira italiana é considerada o maior evento de literatura infantil, reunindo artistas e profissionais da produção literária para crianças de excelência global. Além de mesas de debate, exibições e atividades, incluindo homenagens a artistas como Ziraldo, Ruth Rocha e Rui de Oliveira, há diversas premiações para diferentes esferas da produção infantojuvenil, como o Prêmio Digital Bologna Ragazzi, o Prêmio BOP (Melhores Editores Infantis do Ano), o Prêmio Internacional de Ilustração, o Prêmio ARS IN FABULA e o Prêmio Bolonha Ragazzi – o principal da feira, importante plataforma de lançamento internacional para os autores e ilustradores vencedores. Também há as indicações para o Catálogo de Bolonha, em que entidades ligadas à literatura infantil de cada país listam as publicações expoentes do ano para expor. No Brasil as indicações são da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil).

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Catálogo White Ravens

O White Ravens é uma publicação da Internationale Jugendbibliothek (IJB), a maior biblioteca de literatura infantil e juvenil do mundo, localizada em Munique, na Alemanha. O catálogo, uma seleção da produção mundial de literatura infantil e juvenil composta por 250 títulos em 30 diferentes idiomas, é divulgada numa exposição, a White Ravens, que acontece na Feira do Livro Infantil de Bolonha. As indicações são feitas em âmbito nacional, também pela FNLIJ, que já levou ao catálogo títulos como Inês, de Roger Mello e Mariana Massarani.

 

Prêmio Monteiro Lobato de Literatura Infantojuvenil

Como parte do Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta assinado entre Brasil e Portugal, o Prêmio Monteiro Lobato de Literatura Infantojuvenil foi criado no final de 2018 para premiar obras lusófonas pela sua contribuição literária à língua. A promoção e divulgação do Prêmio, de valor monetário ainda não acordado pelos governos, ficará por conta de um secretariado integrado pela Fundação Biblioteca Nacional, no Brasil, e pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, junto do Gabinete de Estratégia, Planejamento e Avaliação Culturais, em Portugal. É um prêmio que tem como objetivo consagrar bienalmente um escritor e um ilustrador de livros em língua portuguesa para a infância e a juventude.

 

Premiações Nacionais

 

Troféu da 31º premiação HQ Mix, inspirado nos trabalhos de Ziraldo e Mauricio de Sousa

Troféu da 31º premiação HQ Mix, inspirado nos trabalhos de Ziraldo e Mauricio de Sousa

 

Prêmios Literários da Fundação Biblioteca Nacional

Concedido anualmente desde 1994, a premiação tem por objetivo valorizar a produção editorial e os autores nacionais incentivando a qualidade literária e técnica de suas obras. O edital, acessível através do site da Biblioteca Nacional a partir do meio do ano, compreende nove categorias, entre elas o de literatura infantil (Prêmio Sylvia Orthof) e o de literatura juvenil (Prêmio Glória Pondé). Para a participação, as obras devem ser inéditas e serão avaliadas por qualidade literária, originalidade, contribuição à cultura nacional, criatividade no uso dos recursos gráficos e excelência da tradução.

 

Selo e Prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil

A FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), uma das mais importantes instituições de literatura no país, além de atuar como a seção brasileira da IBBY, prestigia anualmente produções nacionais. A fundação recebe das editoras os livros publicados e, depois de uma análise por um júri de especialistas espalhados pelo país, os considerados de melhor qualidade são selecionados para fazer parte do Acervo Básico, criado objetivo de orientar o acervo de Secretarias de Educação, escolas e bibliotecas. Desse acervo surge a seleção Altamente Recomendável e, com o Prêmio O Melhor para Criança, há a distinção máxima concedida aos melhores livros infantis e juvenis, que hoje conta com 18 categorias. A inscrição é gratuita e realizada segundo o regulamento, em breve disponível no site.

 

Prêmio João de Barro

No tradicional Concurso Nacional de Literatura João de Barro, a Prefeitura de Belo Horizonte (MG), por meio da Fundação Municipal de Cultura, agracia obras inéditas de todo o país, com prêmios em quatro categorias: o Prêmio João de Barro, que é bienal, contempla temáticas infantojuvenis no âmbito literário e ilustrado, enquanto o Prêmio Cidade de Belo Horizonte elege o melhor texto dramático e o melhor romance. Os vencedores das categorias recebem uma gratificação de 50 mil reais. O João de Barro é um dos prêmios mais antigos no Brasil, mas a categoria livro ilustrado foi criada recentemente, em 2011.

 

Prêmio AEILIJ de Literatura Infantil e Juvenil

A Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ), para dar visibilidade à produção literária nacional e divulgar as obras de autores brasileiros de literatura infantil e juvenil, criou o Prêmio AEILIJ. O prêmio possui três categorias (texto literário infantil, texto literário juvenil e conjunto de ilustrações) e teve como vencedores Luiz Antonio Aguiar e Elisabeth Teixeira. Na segunda edição, a comissão avalia obras lançadas em 2017 e 2018, sem limite de número de livros inscritos por autor, com inscrição gratuita para associados. O resultado será divulgado no Dia do Livro Infantil, em 18 de abril, no blog.

 

Prêmio Jabuti

Criado em 1969, o Jabuti é uma das mais importantes premiações nacionais. Recentemente, passou por um polêmico enxugamento, diminuindo de 29 para 18 categoriais, organizadas em quatro grandes eixos: Literatura, Ensaios, Livro e Inovação. Com a mudança, caíram categorias importantes na área da literatura infantil, como Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil, e foram reunidas as categorias infantil e juvenil. Diversos nomes já passaram pelo Jabuti, só nos últimos anos: Jean-Claude Alphen, Odilon Moraes, André Neves, Eva Furnari, Luisa Massarani, Susana Ventura, Alexandre Rampazo, Adriana Carranca e outros.

 

Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantojuvenil

Organizadora do Prêmio Cepe Nacional de Literatura, a Companhia Editora de Pernambuco buscou reforçar o incentivo à produção literária com o lançamento da primeira edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantil e Juvenil – antes, o gênero infantojuvenil integrava as categorias do Prêmio Cepe Nacional de Literatura. As inscrições, abertas para todo o Brasil, são feitas por meio digital. A primeira edição do Prêmio Cepe Nacional de Literatura Infantil e Juvenil destacou trabalhos de dois jovens escritores nordestinos nas categorias Infantil e Juvenil, com um valor de R$ 10 mil. O pernambucano Helder Herik Cavalcanti Soares, de Garanhuns, foi destaque no Infantil com a obra Criançaria, e o paraibano Gael Rodrigues levou o Juvenil com o título A menina que engoliu o céu estrelado.

 

Prêmio Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil

A iniciativa, promovida pela Fundação SM nos nove países onde o Grupo SM atua, surgiu na Espanha em 1978. Cada país tem a sua premiação regional, visando revelar novos autores, estimular a criação literária nacional e propiciar aos jovens leitores o acesso a textos inéditos e de qualidade. No Brasil, o Prêmio existe desde 2005, sendo possível inscrever-se para uma essa distinção concedidas à literatura infantil e juvenil pelo site. Além de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) , o vencedor tem seu livro publicado na coleção Barco a Vapor, da editora espanhola SM.

 

Troféu HQ Mix

Criado em 1989 por José Alberto Lovetro, o Jal, e João Gualberto Costa, o Gual, o Troféu HQ MIX é uma das mais tradicionais premiações dos quadrinhos brasileiros, tendo como objetivo divulgar, valorizar e premiar a produção de artes gráficas no país. O design do troféu muda a cada ano, sempre homenageando algum personagem dos quadrinhos brasileiros. Desde seu surgimento, diversas categorias foram criadas, eliminadas, aglutinadas ou alteradas. Hoje, possui uma categoria para publicação infantil e uma para publicação juvenil. As inscrições estão abertas para a próxima premiação! Para concorrer, é necessário se inscrever no site até março de 2019. As votações são realizadas por artistas e profissionais da área, editores, pesquisadores e jornalistas brasileiros.

 

Prêmio Açorianos de Literatura

Com uma homenagem aos açorianos, fundadores e primeiros habitantes da cidade de Porto Alegre (RS), o Prêmio Açorianos foi originalmente criado para premiar os melhores de cada ano nas áreas de teatro e dança. Décadas mais tarde, o prêmio gaúcho foi estendido também às áreas artes plásticas e literatura, que possui as categorias Infantil e Infantojuvenil. O edital é lançado no site da Prefeitura de Porto Alegre e pode receber candidaturas de todo o país. Além da premiação por categoria, os vencedores concorrem ao "Livro do Ano" (prêmio extra de R$ 10 mil).

 

Prêmio Off Flip

O Prêmio Off Flip de Literatura é uma premiação do Circuito Off Flip, evento paralelo e complementar à Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) que reúne a cada ano cerca de 120 escritores do Brasil e do exterior em saraus, lançamentos e mesas de debate, com entrada gratuita e franqueada ao público. Hoje, o Prêmio integra o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) e também o Circuito Nacional de Feiras de Livro. Atualmente a premiação cobre três categorias: conto, poesia e literatura infantojuvenil. As inscrições podem ser feitas no site, e os vencedores de 2018 serão conhecidos neste ano. Os premiados nos gêneros infantil e juvenil ganham uma edição com o Selo Off Flip e terão suas obras publicadas em livros ilustrados e em formato impresso, além do prêmio de R$ 30 mil, estadia em Paraty, passeio de escuna e cota de livros.

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