Mariana Massarani: “Letrinhas foi um divisor de águas”

05/12/2022

Vizinho, vizinha, Cambalhota, Inês… Tantas obras importantes da literatura infantil trazem os traços de Mariana Massarani, que fica difícil escolher um preferido. Nascida no Rio de Janeiro, ela já ilustrou mais de 40 títulos! A história dela com a Companhia das Letrinhas começou em 2002, já com o sucesso de Vizinho, Vizinha, que fez em parceria com Graça Lima e Roger Mello

Fico pasma até hoje com Meninos do Mangue. Compro para crianças e adultos, uma obra-prima mesmo, tão genial e brasileira

(Mariana Massarani)

O livro, aliás, rendeu uma história inesquecível, de uma professora que contou às ilustradoras e ao autor, certa vez, que adorou o livro e que ela tinha uma relação assim com o vizinho dela: sempre via, mas eles nunca se falavam. Estimulada pelos autores da obra, ela puxou conversa e… O final você confere na entrevista, abaixo:  

*Para comemorar os 30 anos da Companhia das Letrinhas (em 2022) e o Mês das Crianças, durante outubro você confere uma série de entrevistas exclusivas com grandes autores e ilustradores brasileiros que fazem parte dessa história, sejam nossos primeiros parceiros, sejam aqueles que ganharam os maiores prêmios de literatura infantil. Acompanhe tudo no Blog da Letrinhas, no site criado especialmente para essa festa e nas nossas redes sociais. 

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Mariana Massarani, ilustradora

Como começou a sua relação com a Companhia das Letrinhas? Como foi fazer o primeiro livro para a editora e o que mais te marcou nesse processo?

Acho que foi em 2002! Fiz uma busca arqueológica aqui na minha estante. Não me lembro do livro, mas sim da sensação de felicidade em ilustrar para a editora [Em 2002, Mariana Massarani ilustrou Vizinho, Vizinha, de Roger Mello, com Graça Lima, e A menina que se apaixonava, de Marta Góes]. Da delicadeza da Helen Nakao [coordenadora de produção da Companhia das Letrinhas] e de como foi especial todo o processo da edição. Acho que visitei a editora antes de trabalhar para ela. Foi com o Roger Mello, numa ida a São Paulo.

A Companhia das Letrinhas está completando 30 anos em 2022. Nessas três décadas, qual foi a transformação mais importante na literatura infantil, tanto em termos de texto como ilustração e produção gráfica, na sua avaliação, e por quê?

Foi um divisor de águas na qualidade de conteúdo aliado ao design. Tanto no livro infantil quanto no adulto. Fez também as outras editoras antigas e novas começarem a caprichar em suas edições.

Poderia citar três livros infantis que foram mais importantes ou marcantes para você nesses últimos 30 anos? Dos publicados pela Letrinhas, qual você citaria?

Ficou pasma até hoje com Meninos do Mangue [de Roger Mello]. Compro para crianças e adultos, uma obra-prima mesmo, tão genial e brasileira. Outro livro especial é Minha vida de menina, de Helena Morley. E agora estou apaixonada pelo Balas Mágicas, da coreana Heena Baek. E tudo que a Blandina, Lollo e Guilherme Karsten inventam!

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VIzinho, vizinha

O primeiro livro ilustrado por Mariana Massarani para a Companhia das Letrinhas, em 2002

Qual acontecimento relacionado ao processo de criação e produção dos livros ou ao feedback e interação com os leitores ficou na sua memória ao longo desse tempo? Poderia contar um pouco qual história mais te marcou?

Com Vizinho, Vizinha, do Roger Mello! Uma professora, um dia, se aproximou da gente e contou que tinha uma relação com o vizinho, igual a do livro. Via ele sempre, mas nunca tinham conversado. Falamos para ela: - Fala com ele! No ano seguinte, ela encontrou o Roger e disse que tinha casado com o vizinho e que estava grávida. Sempre dei todos os livros mais legais para uma menina, desde pequena. No dia que mandei o Inês, também do Roger, ela, pela primeira vez, me agradeceu e disse que era o livro mais bacana que ela tinha visto na vida. Quase caí dura.

Como você vê/avalia a participação da Companhia das Letrinhas no mercado editorial e na própria história da produção literária para a criança? 

Desde o início, inovadora e especial, publicando autores e ilustradores nacionais e importantes de fora, como Astrid Lindgren.

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Além dos livros, as crianças têm várias fontes de entretenimento, como telas, vídeos, streamings, games. Como acha que a literatura infantil será nos próximos 30 anos? Qual o grande desafio que autores e leitores terão?

Espero que livros instigantes! Inteligentes e anarquistas! Livros malucos e gostosos de ler e ver. De preferência em papel, mas também em tablets.

 

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